Livestock Research for Rural Development 30 (5) 2018 Guide for preparation of papers LRRD Newsletter

Citation of this paper

Propagação vegetativa de Tithonia diversifolia com ácido indolbutírico

Alex Marciano dos Santos Silva, Leandro Diego da Silva, Márcia Vitória Santos, Priscila Junia Rodrigues da Cruz e Miranda Titon1

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Departamento de Zootecnia, Diamantina, Minas Gerais, Brasil
alex.marciano.agro@outlook.com
1 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Departamento de Engenharia Florestal, Diamantina, Minas Gerais, Brasil

Resumo

A Tithonia diversifolia (tithonia) é uma espécie forrageira com grande potencial na alimentação animal, destacando-se pelo alto teor de proteína bruta e elevada produção. Dentre os entraves à expansão da espécie está a baixa germinação das sementes, sendo a propagação vegetativa uma alternativa. Visando proporcionar maior rapidez e sucesso no desenvolvimento inicial da espécie, objetivou-se avaliar diferentes doses e tempos de imersão de estacas semilenhosas no ácido indolbutírico (AIB). As estacas foram coletadas em Diamantina, Minas Gerais, Brasil e posteriormente suas bases tratadas com diferentes doses de AIB (0, 2, 4, 6 e 8 g L-1) e diferentes tempos de imersão (10 segundos, 2, 4, e 6 horas), plantadas em vasos de 3 L, com Latossolo Vermelho Distrófico, e cultivadas em casa de vegetação. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados em esquema fatorial 5 x 4, com seis repetições. Aos 100 dias após plantio foi avaliado o comprimento da maior raiz e brotação, comprimento médio de brotações, número de brotações, massa seca de raiz e parte aérea, e porcentagem de estacas enraizadas e brotadas. O desenvolvimento da tithonia foi maior quando as estacas foram tratadas com 4 g L-1 de AIB por tempo de imersão de 10 s. O desenvolvimento diminuiu com o aumento das doses de AIB e os tempos de imersão. A imersão apenas em água destilada por até 6 h, apresentou desenvolvimento similar as estacas que foram tratadas com dose de 4 g L -1 de AIB por tempo de 10 s. Recomenda-se a imersão de estacas de tithonia apenas em água destilada por tempo de até 6 h, por ser uma metodologia simples de aplicar e que não acarreta custo adicional ao sistema produtivo.

Palavras chaves: alimento alternativo, auxina sintética, espécie forrageira, estaca


Vegetative propagation of Tithonia diversifolia with indolebutyric acid

Abstract

Tithonia diversifolia(tithonia) is a forage species with great potential in animal feeding, with a high crude protein content and high yield. Among the obstacles to the expansion of the species is the low seed germination, with vegetative propagation being an alternative. Aiming to provide greater initial development of the species, the objective was to evaluate different doses and immersion times of semi-woody cuttings in indolebutyric acid (IBA). The cuttings were collected in Diamantina, Minas Gerais, Brazil and later treated with different doses of IBA (0, 2, 4, 6 and 8 g L-1) and different immersion times (10 seconds, 2, 4, and 6 hours), planted in 3 L pots, with Red Latosol Distrophic, in a greenhouse. A randomized complete block design was used in a 5 x 4 factorial scheme, with six replications. At 100 days after planting, the length of the highest root and bud, average length of shoots, number of shoots, root and shoot dry mass, and percentage of rooted and sprouted cuttings were evaluated. The development of the tithonia was greater when the cuttings were treated with 4 g L-1 of IBA by immersion time of 10 s. Development decreased with increasing IBA doses and immersion times. The immersion only in distilled water for up to 6 h, presented similar development to the cuttings that were treated with 4 g L-1 dose of IBA for 10 s. It is recommended to immerse tithonia cuttings only in distilled water for 6 hours, since it is a simple methodology to apply and does not results an additional cost to the production system.

Key words: alternative food, synthetic auxin, forage species, cuttings


Introdução

A Tithonia diversifolia (Hemsl.) A. Gray (tithonia) arbusto pertencente à família Asteraceae, originária da América Central, é uma espécie forrageira perene de alto valor nutricional utilizada na alimentação de diversas espécies animais em todo mundo. E vêm sendo estudada como uma espécie potencial para regiões áridas e semiáridas, devido seu grande volume de raiz favorecer a absorção de nutrientes mesmo em solos ácidos e de baixa fertilidade, mostrando ser promissora também em regiões de baixa precipitação pluviométrica e altitudes variadas (Reis et al 2016; Ruiz et al 2014; Pérez et al 2009).

A tithonia, popularmente conhecida como girassol mexicano (Nash, 1976), vem sendo cultivada como arbusto ornamental, adubação verde, matéria prima farmacêutica e alimentação animal (Duarte e Empinotti 2012). A alta produção de biomassa (Reis et al 2016; Sao et al 2010), bom valor nutritivo (Souza 2017; Lezcano et al 2012; Verdecia et al 2011), rebrota rápida, boa aceitação pelos animais e possibilidade de uso de diversas formas e para diversas categorias animais (Rodríguez et al 2018; Garcia et al 2017; Odedire e Oloidi 2014; Ruíz et al 2014; Rivera et al 2010; García et al 2008; Mahecha et al 2007; Olayeni et al 2006; Odunsi et al 1996), mostra o potencial dessa espécie para diversos usos.

Apesar do múltiplo potencial de uso, é escasso o conhecimento científico sob os aspectos agronômicos da tithonia, tais como, recomendações de adubação, preparo do solo, densidade de plantas, manejo e colheita, bem como informações sob a propagação utilizando hormônios estimuladores de desenvolvimento.

A tithonia pode ser propagada por meio de sementes ou partes vegetativas. Porém as sementes, apresentam baixa germinação logo após a colheita, ocasionado pela imaturidade dos embriões (Padilla et al 2018; Agboola et al 2006; Muoghalu e Chuba 2005). Dessa forma, o método de propagação mais utilizado têm sido a vegetativa, através de partes do caule (Katto et al 2002).

O ácido indolbutírico (AIB) é uma auxina sintética que têm por finalidade acelerar o processo de emissão de raízes adventícias e o desenvolvimento inicial das plantas (Galvão et al 2016; Peña et al 2012). Plantas inicialmente bem desenvolvidas e de rápido estabelecimento pode reduzir custos e maximizar o sistema produtivo. No entanto, na propagação vegetativa de plantas, deve-se utilizar auxinas de forma cautelosa, pois as variações nas doses e tempos de exposições, pode resultar em efeitos benéficos ou tóxicos (Inocente et al 2018; Botelho et al 2005), podendo variar entre espécies, clones, tipos de partes vegetativas (Lafetá et al 2016; Peña et al 2012; Tadeu et al 2012), substratos (Teixeira et al 2017; Galvão et al 2016), épocas de plantio e presença de folhas nas estacas (Santos et al 2017; Penso et al 2016), bem como outras variáveis.

Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar doses de ácido indolbutírico e tempos de imersão na propagação vegetativa de estacas semilenhosas de tithonia.


Material e métodos

O trabalho foi conduzido em casa de vegetação no Setor de Forragicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, Campus Juscelino Kubistchek, localizado no município de Diamantina, Minas Gerais, com coordenadas geográficas de 18º12’10.72’’ Latitude Sul; 43º34’21.00’’ Longitude Oeste e altitude de 1.404 m. O Município de Diamantina está localizado na região do Alto Jequitinhonha, Nordeste de Minas Gerais, Sudeste brasileiro. O clima da região é do tipo (tropical de altitude), a temperatura média durante o período experimental foi de 24 ºC.

O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema fatorial 5 x 4, sendo cinco doses de AIB (0, 2, 4, 6 e 8 g L-1) e quatro tempos de imersão (10 segundos, 2, 4, e 6 horas), com seis repetições sendo duas estacas por vaso.

As soluções de AIB, previamente calculadas e pesadas em balança analítica com precisão de 0,0001 g, foram preparadas dissolvendo-as em hidróxido de sódio (NaOH) a 1 mol L-1, com o intuito de facilitar a posterior diluição e homogeneização em água destilada. Essa diluição em NaOH está de acordo com a descrição de reguladores vegetais e seus solventes apresentada por Quisen e Angelo (2008).

As estacas de tithonia foram obtidas a partir de plantas cultivadas a um ano no Setor de Forragicultura da UFVJM, selecionando aquelas que apresentavam diâmetro de 25 mm, e posteriormente cortando-as a 30 cm de comprimento, com corte horizontal na base e em bisel no ápice, e retiradas as folhas. Em seguida, as bases das estacas foram imersas a uma profundidade de 4 cm nas soluções de AIB, em posição vertical, pelos diferentes tempos e doses propostas, além do tratamento controle, que utilizou apenas água destilada. As estacas foram plantadas no dia 27 de setembro de 2017, sendo as de 6 horas de contato no ácido, colhidas e imersas primeiro, seguidas pelas de 4 h, 2 h e 10 segundos, respectivamente, sendo todas plantadas no mesmo horário.

O plantio foi realizado utilizando-se vasos de polietileno de 3 Litros, enterrando cerca de um terço de cada estaca na posição vertical, em solo Latossolo Vermelho distrófico, de textura franco-argilo-arenoso, apresentando as seguintes características químicas: pH em (H2O) = 5,57; P = 2,16 mg dm-3 (Mehlich); K = 49,64 mg dm-3 ; Ca+2 = 1,38 cmolc dm-3; Mg+2 = 0,8 cmolc dm-3; Al+3 = 0,15 cmolc dm-3; CTC (T) = 4,33 cmolc dm -3; SB = 2,31 cmolc dm-3; H + Al = 2,02 cmolc dm-3 e 0,76 dag kg-1 de matéria orgânica. O solo foi previamente peneirado e fertilizado com 0,583 g de superfosfato simples por vaso, não foi necessário realizar a calagem do solo, segundo as recomendações de Ribeiro et al (1999). O solo foi mantido em capacidade de campo, sendo a irrigação feita de forma manual sempre que necessário.

Após 100 dias de cultivo, foi avaliado o comprimento da maior raiz (CMR) e brotação (CMB), comprimento médio de brotações (CMEB), número de brotações (NB), massa seca de raiz (MSR) e parte aérea (MSPA), e porcentagem de estacas enraizadas (PE) e brotadas (PB).

Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey (p <0,05). Para a análise estatística, foi utilizado o programa Statistical Analysis System (SAS, 2002).


Resultados e discussão

Constatou-se interação significativa entre doses de AIB e tempo de imersão (p <0,05) para o CMR, CMB e NB. No tempo de 10 s de imersão, não foi observado efeito das doses de AIB para a CMR, CMB e NB. No tempo de 2 horas de imersão, foram observado os maiores CMR e CMB para as doses de 0, 2 e 4 g L-1 de AIB. No tempo de 4 e 6 horas de imersão, o padrão de resposta do CMR e CMB foram semelhantes, com os maiores valores observados nas doses de 0 e 2 g L-1 de AIB.

Houve efeito de ácido (p <,0001), tempo (p <,0001) e da interação entre ácido e tempo (p <0,05) para a MSR e MSPA. No tempo de 10 s, não foi observado diferença entre as doses de AIB para a MSR. Para as estacas imersas somente na água, quanto maior o tempo de imersão, maior a biomassa de raízes. Nos tempos de 2, 4 e 6 horas de imersão, foi observado uma redução da MSR a partir da dose de 4 g L -1 de AIB.

Nos tempos de 4 e 6 horas de imersão com a dose de 8 g L-1 de AIB e na dose de 6 g L-1 de AIB no tempo de 6 horas de imersão, as estacas não se desenvolveram, resultando em valores nulos para todas as variáveis analisadas.

Foi observado efeito da dose de AIB (p <,0001) e tempo de imersão das estacas (p =0,0007) para CMEB, e não foi observado efeito da interação dos fatores (p =0,0525). O aumento do tempo de imersão e dose de AIB, resultou em diminuição do CMEB. No tempo de 2, 4 e 6 horas de imersão, o NB diminuiu com o aumento das doses de AIB (Tabela 1).

Tabela 1. Média dos valores para comprimento da maior raiz, comprimento da maior brotação comprimento médio de brotações, número de brotações, massa seca de raiz e massa seca da parte aérea de estacas de tithonia sob doses (D) e tempos de imersão (T) em ácido indolbutírico (AIB)

Tempo

Doses de AIB, g L-1

Médias

EPM

P -valor

0

2

4

6

8

D

T

D x T

Comprimento da maior raiz, cm

2,33

<,0001

<,0001

0,0003

10 s

46,3Aa

57,8Aa

61,8Aa

45,8Aa

38,0Aa

50,0

2 h

50,3Aa

45,3Aab

38,4ABab

22,1Bbc

4,58Bc

32,2

4 h

53,3Aa

44,5Aa

16,0Bb

4,00Cb

0,00Bb

23,6

6 h

55,2Aa

36,3Aa

12,2Bb

0,00Cb

0,00Bb

20,7

Médias

51,3

46,0

32,1

18,0

10,6

Comprimento da maior brotação, cm

1,11

<,0001

<,0001

0,0100

10 s

18,2Aa

19,8Aa

25,0Aa

17,7Aa

13,2Aa

18,8

2 h

20,3Aa

17,1Aa

14,6ABab

6,58Bbc

0,33Bc

11,8

4 h

22,3Aa

15,3Aab

2,25Bb

0,50Bb

0,00Bb

8,07

6 h

24,3Aa

14,3Aa

1,00Bb

0,00Bb

0,00Bb

7,90

Médias

21,3

16,6

10,7

6,19

3,38

Comprimento médio de brotações, cm

0,61

<,0001

<,0007

0,0525

10 s

8,99

9,76

13,4

7,74

7,48

9,47A

2 h

10,3

9,64

8,65

6,33

0,33

7,05AB

4 h

10,6

9,55

2,21

0,50

0,00

4,57B

6 h

11,5

9,15

1,20

0,00

0,00

4,37B

Médias

10,3a

9,53a

6,36ab

3,64b

1,95b

Número de brotações

0,33

<,0001

<,0001

<,0001

10 s

6,17Aa

6,83Aa

8,33Aa

7,00Aa

6,00Aa

7,08

2 h

6,67Aa

4,83ABab

2,83Bb

0,83Bbc

0,33Bc

3,79

4 h

6,83Aa

2,50BCb

0,33Bbc

0,17Bc

0,00Bc

2,46

6 h

7,33Aa

1,67Cb

0,17Bc

0,00Bc

0,00Bc

2,29

Médias

6,75

3,96

2,92

2,00

1,58

Massa seca de raiz, g

0,56

<,0001

<,0001

0,0003

10 s

10,7Ba

11,3Aa

15,7Aa

11,4Aa

10,3Aa

11,9

2 h

11,9ABa

10,8Aa

9,69ABab

8,47ABab

2,85Bb

8,73

4 h

12,5ABa

10,5Aa

5,95Bab

2,02BCb

0,00Bb

6,20

6 h

13,4Aa

10,1Aa

3,10Bb

0,00Cb

0,00Bb

5,31

Médias

12,1

10,6

8,61

5,46

3,28

Massa seca da parte aérea, g

0,91

<,0001

<,0001

<,0001

10 s

18,1Aab

19,6Aab

22,5Aa

15,8Aab

14,0Ab

18,0

2 h

19,2Aa

18,5Aa

16,8Aa

11,2Aa

0,00Bb

13,1

4 h

21,4Aa

16,9Aa

3,03Bb

0,00Bb

0,00Bb

8,27

6 h

23,6Aa

14,6Ab

0,00Bc

0,00Bc

0,00Bc

7,65

Médias

20,6

17,4

10,6

6,76

3,51

EPM= Erro padrão da média; P-valor= Probabilidade de significância. Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na linha e letras maiúsculas diferentes na coluna diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey (p <0,05)

As estacas tratadas com 4 g L-1 de AIB em período de imersão de 10 s, apresentaram desenvolvimento similar as estacas tratadas somente em água destilada por período de imersão de até 6 h. Esses resultados sugerem que o tratamento com AIB torna-se dispensável no enraizamento de estacas de tithonia, sendo apenas a imersão em água destilada por período de até 6 h suficiente para melhorar o desenvolvimento.

A técnica de pré imersão de estacas em água têm a função de hidratação evitando em muitos casos a morte das gemas, no entanto, a tolerância das estacas por longos períodos de imersão é variável entre espécies, podendo provocar a morte em alguns casos. Outra função da pré imersão em água é a lixiviação de alguns compostos fenólicos, compostos responsáveis pela liberação de exsudados tóxicos, substâncias inibidoras do enraizamento (Lattuada et al 2011; Fachinello et al 2005; Hartmann et al 2002).

De acordo com Odeyemi et al (2014) e Gutierrez et al (2013), a tithonia apresenta em sua composição compostos como alcaloide, flavonóides, fenol, saponina, taninos e triterpeno. Alguns desses compostos de acordo com Lattuada et al (2011), e Bergo e Mendes (2000) pode prejudicar o enraizamento. O melhor desenvolvimento da tithonia quando imersa por maior período em água sugere que pode ter ocorrido a lixiviação ou a diminuição de alguns desses compostos presentes em sua composição.

De acordo com Galeti et al (2010) melhores resultados foram reportados no enraizamento de Morus sp (amora), quando as estacas foram submetidas a imersão em água antes do plantio por período de 24 h. Já Lattuada et al (2011) observaram diminuição no desenvolvimento de estacas de Eugenia uniflora (pitanga), quando imersas em água por 24 h e morte total as 48 h, esse resultado pode estar atribuído a permanência das estacas em uma condição de hipóxia, que pode ter desviado a respiração celular para uma rota fermentativa (Sousa e Sodek, 2002) e contribuindo assim para a mortalidade. Portanto a resposta de estacas quando imersas em água pode variar de acordo com a tolerância da espécie e a presença de compostos em sua composição.

Houve efeito de ácido (p <,0001), tempo (p <,0001) e da interação entre ácido e tempo (p <0,05) para a PE e PB. No tempo de 10 s, não foi observado diferença entre as doses de AIB para PE e PB. Assim como para a imersão em somente água, não foi observado efeito do tempo para PE e PB, sendo que todas as estacas apresentaram brotações e enraizamento. A partir da dose de 4 g L-1 de AIB e tempo de imersão de 4 horas, foi observado um decréscimo na PE e PB (tabela 2).

Tabela 2. Médias para porcentagem de enraizamento e porcentagem de brotações de estacas de tithonia sob doses (D) e tempos (T) de imersão em ácido indolbutírico (AIB)

Tempo

Doses de AIB, g L-1

Médias

EPM

P -valor

0

2

4

6

8

D

T

D x T

Porcentagem de estacas enraizadas, %

4,20

<,0001

<,0001

0,0005

10 s

100Aa

100Aa

100Aa

100Aa

83,3Aa

96,7

2 h

100Aa

100Aa

100Aa

66,7ABa

50,0ABa

83,3

4 h

100Aa

100Aa

50,0Aab

16,7Bb

0,00Bb

53,3

6 h

100Aa

83,3Aab

50,0Aabc

0,00Bc

0,00Bc

46,7

Médias

100

95,8

75,0

45,8

33,3

Porcentagem de estacas brotadas, %

4,29

<,0001

<,0001

<,0001

10 s

100Aa

100Aa

100Aa

100Aa

100Aa

100

2 h

100Aa

100Aa

100Aa

66,7ABab

33,3Bb

80,0

4 h

100Aa

83,3Aa

16,7Bb

16,7BCb

0,00Bb

43,3

6 h

100Aa

83,3Aa

16,7Bb

0,00Cb

0,00Bb

40,0

Médias

100

91,7

58,3

45,8

33,3

EPM= Erro padrão da média; P-valor= Probabilidade de significância. Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na linha e letras maiúsculas diferentes na coluna diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey (p <0,05)

No geral o aumento das variáveis dose e tempo proporcionou diminuição no desenvolvimento. Esses resultados indicam que o uso do AIB provocou fitotóxidez às estacas e que o teor endógeno de substâncias promotoras do enraizamento também é capaz de provocar danos. De acordo com Botelho et al (2005), a variação na dose e o tempo de exposição da auxina, pode inibir ou estimular o crescimento e a posterior diferenciação dos tecidos, havendo um nível ótimo para estas respostas fisiológicas. Para Taiz e Zeiger (2013), a dose ótima e a inibição, em geral, são atribuídas à biossíntese do etileno induzida pela auxina.

Efeitos fitotóxicos foram relatados por diversos pesquisadores, como Tiberti et al (2012) avaliando estacas caulinares de Boysenberry (amora) sob doses de 0, 1, 2, 3 e 4 g L-1 de AIB, identificou diminuição linear no enraizamento e brotação, com o aumento das doses. Faganello et al (2015) encontraram aumento linearmente na mortalidade de estacas semilenhosas de Cordia trichotoma (louro-pardo), com doses crescentes de 0, 2, 4, 6 e 8 g L-1 de AIB. Inocente et al (2018) observaram que o aumento do tempo de imersão por até 8 h com 0,3 g L -1 de AIB afetou negativamente a retenção foliar, sobrevivência e o enraizamento de estacas de Olea europaea L. (oliveira), entre outras.

Por outro lado, Peña et al (2012) obtiveram aumento linear no desenvolvimento de estacas de Vaccinium sp. (mirtilo), obtendo com a maior dose 8 g L-1 o melhor resultado. Resultados similares foram encontrados por Lima et al (2016), avaliando genótipos deCamellia sinensis L. (chá-da-Índia) sendo com a maior dose 10 g L -1 o melhor desenvolvimento.

O teor adequado de auxina, para propagação vegetativa, depende de vários fatores, portanto, uma dose ótima do regulador vegetal pode promover ou inibindo o processo de enraizamento e desenvolvimento (Inocente et al 2018; Peña et al 2012).


Conclusões


Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio financeiro.


Referências

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Received 11 April 2018; Accepted 11 April 2018; Published 1 May 2018

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